04/05/2016

Moça com Brinco de Pérola. Eu assisti, e o que achei... (por Kyka Freitas)


Holanda século XVII, Johannes Vermeer (Colin Firth), o segundo pintor mais importante e famoso desta época (depois de Rembrandt), começa a ter apagões para pintar novos quadros. Admirado por seus compradores em ter sutileza e riqueza nos detalhes e  por fazer composições inteligentes, cores transparentes e brilhantes com o uso da luz, Veemer precisa de uma nova inspiração pra continuar, afinal bancar todas as contas da casa com suas pinturas, ser casado com uma mulher ciumenta e possessiva e ser pais de 11 filhos não é uma tarefa fácil (sua esposa Catharina havia perdido quatro filhos).


Nomeiam-se 34 trabalhos de Veermer (conhecidos e assinados) até hoje, não se sabem ao certo quantas obras existam dele, seu ofício principal era vender obras e não pintá-las, talvez somente quando houvesse inspiração é que tentaria pintar. Os merchantes da época reclamavam que ele levavam mais de seis meses para terminar um quadro e que não podiam esperar tanto tempo assim pra ganhar dinheiro, o que fazia Veermer viver mais pobre do que rico. Devia no açougue da feira, devia no mercado, enfim, por vezes pagava essas dívidas com quadros. Mas, quando seus quadros alcançavam picos de vendas, aí sim era uma verdadeira festa e com muita fartura na época da Idade do Ouro Holandesa, cena mostrada no filme sobre um jantar proposto, onde o banquete eram servidos com talheres de ouro e grandes peças de carne. 

Tudo começa a mudar nessa história com a chegada de Griet (Scarlet Johansson), uma camponesa holandesa filha de artista que pinta desenhos em cerâmica para revestimentos, por estar cego, é necessário que a jovem arrume um emprego para ajudar a família. Ela vai trabalhar como doméstica na casa de Veermer e logo desperta para as belas pinturas do patrão. Certa vez ele a observa limpar as vidraças do ateliê e pede para posar por um instante em que imagina uma pintura surgir dali, daquela situação. 

                                           
 obra: moça com pincel de água

                                                            Veermer observando Griet.
  
Sua esposa Catharina fica grávida mais uma vez e como as dificuldades financeiras aumentam e também o trabalho para as empregadas, sua sogra resolve servir um jantar para  um  comprador fiel, Mecenas, com a desculpa de comemorar o nascimento da nova criança e apresentar a finalização desta nova obra. O jantar surte efeito e Mecenas já passando olho na nova empregada, encomenda um novo quadro, com a desculpa de sempre precisar ir a casa do pintor pra ver como anda o trabalho. Veerner então resolve pintar Griet, observou nela uma beleza que não encontrara em outros modelos e essa sim será sua obra-prima. 

Mecenas e a sogra de Veerner

Para pintar essa obra, o pintor sua sogra entram num acordo, afinal ambos precisam do dinheiro, e Veerner passa a se encontrar às escondidas com Griet no atelier para usá-la como modelo, e, nada mais. Sua esposa nem pode imaginar isso, afinal é muito ciumenta e poderia colocar tudo a perder. Ele, passa a explicar sobre cores, composições e transparência para a jovem que se encanta cada vez mais pela arte e pelo patrão. Para não deixar transparecer, assume um caso romântico com o jovem açougueiro, onde sempre pega as encomendas para sua patroa. Mas Veermer não esconde muito e passa para suas telas toda a paixão e beleza visto naquele rosto de jovem camponesa. 

obra: oficial e a moça sorridente.

Durante o desenvolver da obra, Veerner percebe que falta algo para dá aquele toque final e ficar esplendoroso, num desses momentos com sua esposa pede para que ela coloque um par de brincos de pérola, é quando percebe que o objeto dá um brilho diferente e pensa: vou usar em Griet para terminar o quadro. Mas, a jovem não possui as orelhas furadas e a sogra do pintor exige que as fure para não perderem o benefício da venda do quadro finalizado, ela mesma entrega os brincos da filha para a camponesa. É aí onde mais uma vez a estória dará uma volta, pois Griet com medo de furar suas orelhas pede para Veermer furar e eis que neste instante sua paixão falará mais alto e Griet posa pra finalizar o quadro. Ao término, ela sai correndo e se encontra com o açougueiro, ele a faz mulher pelo desejo dela não poder ter feito isso com o patrão.

Veerner colocando os brincos em Griet

A esposa Catharina, começa a desconfiar de tanto segredinhos com essa obra, seu filho vê tudo e numa dessas crises enciumadas pede para ver a tal obra e a chama de "Obscena". Com toda a sua fúria põe a jovem camponesa pra fora de casa. Esta, por sua vez, mesmo dividida no que sente, deixa a casa. 

Veerner com a esposa Catharina e um dos seus filhos

Com o passar dos dias e já trabalhando em outra residência, recebe uma certa encomenda e ao abrir em suas mãos percebe que são os brincos enviados pelo pintor de presente. 

Esta obra, é a mais importante e mais bem acabada de Johannes Veerner, percebemos todos os detalhes intimistas e quase reais que permeiam o quadro e nos deixam fascinados. Será que Veerner também sentiu algo por Griet? Talvez nunca saberemos, o filme dá uma deixa com essa cena dos brincos e você caro cinéfilo tira suas conclusões. 

                                     
Quadro: Moça com Brinco de Pérola

Johannes Veerner morreu aos 43 anos, pobre e sem nenhum rendimento, sua esposa vendeu as obras que restavam ao governo local para poder sustentar-se com uma pensão mínima possível pra época. Sua morte não é mostrada no filme e não se sabe ao certo do que foi, viveu pouco, mas deixou um grande legado artístico aí para ser apreciado. Suas obras só foram reconhecidas em 1866 quase dois séculos depois pelo historiador W. Burguer atribuindo-lhe 76 obras, embora somente poucas aceitas até hoje. Ainda houve um último quadro denominado de "Clio" e este acredita-se não ser exatamente um último. O filme é belíssimo e merece ser apreciado, censura baixa e legitimada por seus 12 anos, não há nada demais, se houve ou não essa paixão platônica ou concebida, só os seus olhares e imaginação vão dizer. Para os amantes de arte uma perfeição na sutileza de passar um romantismo ao estilo Barroco Holandês. Merece ser visto e eu aprovo. 

Obra: Clio

 Fontes: 

Nathália Moreira no site: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgsd0AD/resenha-critica-filme-moca-com-brinco-perola

Johannes Veerner, site da wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Vermeer

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