28/04/2016

Para entender melhor o filme em sua essência.


Quantas vezes é necessário ver um filme 
para poder entendê-lo? 

Algumas pessoas provavelmente vão dizer: "Uma vez!" mas, certamente, outras irão ficar confusas em responder a esta pergunta, então é pra estas pessoas que vai esse tópico.

Não acredito muito nas pessoas que já tem respostas prontas, nem tão pouco naquelas que dizem de primeira que entenderam tudo do filme, principalmente se forem aqueles pra "fazer pensar". Pessoas que se utilizam de frases prontas ou receitas testadas geralmente não estão focadas no que os filmes tentaram passar, não devem ter percebido seu real sentido ao serem questionadas. Alguns filmes também são desta forma, quando são lançados títulos sem explicações convencionais as pessoas os evitam.


Mas, por que evitam filmes ditos "complicados demais"?

As pessoas em sua maioria os evitam por não compreenderem o que querem realmente mostrar em sua essência, ou por esperarem respostas imediatistas. Tudo bem, não dá pra você compreender as mentes maravilhosas de seus diretores, nem ser um expert em descobrir segredos dentro do longa. Os filmes são vistos pelas pessoas somente uma vez, se gostar, gostou, e quem sabe repetirá mais de uma vez, se não gostou, nem vai lembrar do título, quanto mais de uma cena. 
Quanto a mim, acredito que um filme deve ser visto ao menos por 3x. Nossa, tantas vezes assim? Certo, vou explicar o por quê disso!


1a. vez: nessa primeira visualização você assiste o filme mais pela emoção do que pela razão, filmes ao final são para entreter e não pra pensar, correto! Mas é aí onde você acaba perdendo todo o contexto do que o filme realmente quer te passar. Por vezes é levado pela emoção e ansiedade de querer ver logo, então acaba não vendo os detalhes e ao final do filme está mais frustrado do que satisfeito. Ocorre muito isso em sequências de grandes blockbusters.


2a. vez: Resolve fazer uma nova investida no mesmo filme, vai percebendo os aspectos que não viu, presta atenção a fotografia, ao roteiro, a cadência do filme, foca nos diálogos dos personagens e até decora uma ou outra fala. O filme então passa a ser interessante e até arrisca uma pesquisa em seu celular ou tablet no google pra saber em que período histórico ocorreu aquela cena ou o que significa a palavra pronunciada. A coisa, digamos assim, vai ficando mais clara. 


3a. vez: é somente na terceira vez onde você encontra a essência do filme (experiência própria), "coisa de maluco", "você tá obcecada pelo filme" ou "por este personagem", algumas das frases que você escuta nesta fase. Mas na verdade não é nada disso e até a Psicologia explica, vamos abrir aqui um espaço para o resumo dito pelo Psicólogo Bruno Almeida:

"Todos nós temos algum filme preferido e mesmo sabendo o que ocorre na história não cansamos de assistir e muitas vezes de se emocionar. A explicação para isso é que nosso inconsciente encontrou nesse filme o tema que estamos enfrentando ou vivendo para tentar elaborar a fase que se vive. Podemos exemplificar com crianças que pedem para que conte a história ou conto de fadas várias vezes antes de dormir. Neste caso, imaginemos que a criança está passando para fase da puberdade e que não deseja crescer. É comum que ela se identifique com histórias com temas em que os personagens não querem crescer, por exemplo: Peter Pan. A criança irá assistir várias vezes o mesmo filme de Peter Pan, até então conseguir elaborar essa passagem de desenvolvimento, depois desta resolução ela irá atualizar num novo símbolo, isto é, em outra história. Assim também ocorre com os adolescentes e adultos. Na análise é possível entender o conflito interno do paciente através de suas preferencias de filmes, séries, música e livros". (site: http://psicologobruno.com.br/post.php?id=34)
E aí? Conseguiram entender o que o Dr. Bruno fala aqui acima? Pois é, ele também tem razão. É nesta vez que agora e, somente agora, você começa a ver se o ator ou atriz foi realmente um bom protagonista e se merece o tão cobiçado Oscar, Bafta e etc. Seu olhar já está mais treinado e sua mente aberta, passando do ilusório para a retomada da realidade, começa a analisar os olhares, os sorrisos, as gesticulações, maneira de falar, ou seja, toda a linguagem corporal da composição do personagem. Aqui muitas pessoas pecam ao encontrarem os artistas pessoalmente, pois confundem o personagem com o humano. Saber separar muito bem isso é fundamental para admirar o trabalho bem feito e que te deixara como modelo aquela atuação. 
A partir deste momento é onde você até pode arriscar-se em fazer uma crítica construtiva do filme, afinal já prestou atenção em todos os detalhes e sabe dialogar com possíveis fãs ou críticos de cinema. É assim que se somam pessoas e grupos que defendem algumas teorias de certos filmes clássicos, as os do caso "Matrix" (saiam já da Matrix, despertem para o real), os classicistas de "O Iluminado", os fãs de "Pulp Fiction", ou ainda os que vivem na fantasia como "Alice no país das Maravilhas", oh lugarzinho bom de fugir vez em quando...rsrsrs.
(Sean Bean em A Árvore da Vida - enfrentando o seu deserto pessoal)
Os filmes são entretenimento e não realidades, mesmo as virtuais que em suas essências distópicas queiram provar que em alguma dimensão que vivemos passamos por situações parecidas, isso você não pode discordar. Então, deixo uma observação para vocês caros leitores deste blog: "DESACELEREM" e procurem por suas essências, mesmo que comecem pelas histórias dos filmes e acabem em suas realidades. Curtam seu Batman Vs Superman, mas também vejam de vez em quando um "A Árvore da Vida", "O Homem Duplicado", "O Artista" ou até quem sabe o "V.de Vingança", estes são grandes referências pra você pensar e formar a sua própria essência.
"Sendo assim o cinema faz parte de sua vida, contudo, assistir filmes seria uma forma de entrarmos em contato com nós mesmos, pois uma vez que, ao assistirmos, colocamo-nos em contato com as experiências básicas da vida por meio de imagens, que são vivenciadas de forma significativa, embora se situem além da compreensão intelectual, ou seja, caminhamos para a individuação (totalidade de nossa personalidade)". (Dr. Bruno Almeida - Psicólogo) 

Artigo escrito por Kyka Freitas - Exxa Filmes. 
  

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