O filme fala de uma menina que previa as grandes catástrofes dos últimos 50 anos. Quando criança, na escola, ela participou de um evento onde as crianças desenhavam o futuro e enterravam os papéis numa “capsula do tempo” para ser aberta 50 anos depois. Em vez de desenhar ela escreve vários números aparentemente sem nexo. Passados os 50 anos, o filho de um astrônomo recebe o papel que foi tirado da capsula junto com os demais para ser dado às crianças daquela geração. O professor, interpretado por Nicollas Cage, descobre que os números são uma profecia que indicava o número de mortos, o dia em que o acidente aconteceria e o local. Desvendando os códigos ele passa pelos locais dos acidentes afim de evitá-los o que é em vão. Ele procura a filha da menina que escrevera as profecias 50 anos atrás.
Juntos, eles descobrem que a última profecia fala do fim do mundo, que é citado no livro de Ezequiel, onde Deus literalmente destrói o mundo. No filme, essa destruição é tida como uma explosão no Sol que atinge a Terra. Entretanto, assim como a menina, o filho desse professor e a neta da menina também escutam as mesmas vozes e pior, são vigiados por esses seres que se comunicam mentalmente com eles. No final do filme após descobrir o local da última profecia, o professor vai atrás dos seres que raptaram as crianças. Entretanto ao chegar no local, ele descobre que na verdade os seres eram aliens e que as duas crianças tinham sido escolhidas para habitar um novo planeta junto com outras para formar uma nova civilização. Assim após as crianças serem levadas pelos aliens, o professor volta para a sua cidade onde espera a destruição da Terra. O filme termina com as crianças são mostradas num jardim onde correm até uma grande árvore.
Esse filme foi inspirado no livro “Eram os deuses astronautas” de Erich von Däniken. Um fato que o filme chama a atenção são as várias simbologias e referências não só ao cristianismo e à ufologia mas também às religiões antigas como a egípcia. A referência principal do livro usada no filme é o fator Ezequiel, mais precisamente a famosa “visão” onde o profeta vê Deus em sua Glória e Poder e a famosa imagem do ser de quatro cabeças. Começando pelo mais clássico, temos os deuses como sendo astronautas, ou extraterrestres como preferirem. No caso do filme eles são tido como anjos, visto que ao “ascenderem aos céus” (nave) eles são mostrados como seres luminosos contendo “asas”. Curiosamente essas são duas imagens comuns que temos no cristianismo: Anjos como seres de luz que voam e a famosa “ascensão” aos céus. Para os ufólogos essas asas e o poder de voar nada mais são do que a tecnologia das naves que faz os corpos dos extraterrestres levitarem, e a ascensão aos céus como sendo o extraterrestre subindo à sua nave. Curiosamente a ascensão de Jesus tem essa mesma característica, uma subida literalmente aos céus onde o Messias desaparece entre as nuvens (gases liberados pelas naves) e muita luz (portal da nave).
Segundo a profecia de Ezequiel, ele viu um ser com quatro cabeças que agiam em conjunto. Algo curioso em relação à essa imagem profética é que na Mesopotâmia existia o grifo: um animal com asas de águia, patas de touro, cabeça humana e corpo de leão. Na visão de Ezequiel o ser celeste tinha uma cabeça humana, outra de touro, outra de leão e outra de águia e tinha asas. Mais tarde eles foram identificados como sendo os símbolos dos evangelistas. É clara a incorporação dos elementos mesopotâmicos à cultura judaica visto o cativeiro na Babilônia. No filme são mostrados quatro aliens que agem um igual ao outro vários seres agindo em perfeita harmonia para cumprirem sua missão. No fim, os seres acendem à nave indo para os céus. É uma clara menção à essa imagem profética no filme.
Outro fato que chama a atenção é o conteúdo da profecia relacionada à destruição da Terra. Segundo a profecia de Ezequiel, “Deus” viria em sua “Glória” destruindo a Terra e salvando os “eleitos”. Vamos por partes. No filme a causa da destruição da Terra é uma explosão no Sol. Ora, No Egito Antigo o Sol era tido como o Deus Supremo Rá, Aquele que dá a vida. Curiosamente a Glória de Rá é o brilho do Sol. Encaixando ao filme, Deus nada mais é que o Sol que destrói a Terra com seu “poder”, ou Glória como queiram. No filme realmente existem os eleitos que são as crianças, não só as duas, mas muitas outras, visto que quando a nave sai da Terra são vistas outras naves. Esta é mais uma analogia ao apocalipse onde apenas “poucos” são escolhidos para se salvarem.

No fim do filme as crianças são deixadas em um novo planeta, mais precisamente num grande jardim, de onde se despedem dos extraterrestres e correm em direção a uma grande árvore. Curiosamente este é o início do Gênesis, onde Adão e Eva são deixados no Paraíso por Deus e tem a missão de procriar para que exista a raça humana. No filme essa menção é posta de modo simbólico onde após a Terra ser destruída a raça humana é recriada com um novo Adão e nova Eva, que vivem num novo céu e nova terra, a Nova Jerusalém, o Novo Éden onde existe a Árvore da Vida, afim de dar continuidade à vida, mesmo após a morte.
No filme há uma pequena dúvida lançada em relação à definição dos seres pelos homens, visto que mesmo eles sendo representados com asas no final o que indicaria o fator “anjo” de identificação, os mesmos usam o “Carro de Deus” (a nave), uma imagem retirada da mesma profecia de Ezequiel, onde mostra Deus se locomovendo pelo céu num “carro luminoso”. Esse carro seria a nave, entretanto como vimos, o Sol foi identificado como sendo Deus destruindo o mundo. Como os “anjos” é que estavam no “carro”, então os anjos seriam “Deus” ou os “deuses” que mais tarde deixariam as crianças no “Éden” da mesma forma como Deus deixou Adão e Eva no Paraíso.
Presságio antes de ser mais um filme cheio de efeitos especiais é uma reflexão sobre a vida e os limites de sermos humanos. Por mais poderosos que somos temos nossos limites, sejam impostos por um só deus ou milhares de deuses ou pela própria natureza. No fim a única certeza que temos é a da morte. Entretanto podemos renascer do nada, dando início a uma nova vida, a uma nova oportunidade, a uma nova consciência.
por: Guilherme Azevedo.
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