07/11/2011

Viver pela Graça ou pela Natureza? No DVD "A Árvore Da Vida"você terá que fazer essa escolha.


Título:A árvore da Vida
Título original: The tree of life 
Direção: Terrence Malick
País/Ano: EUA, 2011
Com: Sean Penn, Brad Pitt, Jéssica Chastain

(Resenha por: Emanuel Bomfim – Revista Cidade Nova)

     Não há nada de convencional em "A árvore da vida". O cinema do misterioso Terrence Malick, aliás, nunca foi um dos mais tradicionais. Em seu hermetismo, o discurso cristaliza-se sobre variações absurdas na linguagem. Diálogos soltos, narração sussurrada, imagens impressionantes e montagem desconexa: tudo agrega para uma obra que, em si, é puramente sensorial. Buscar uma compreensão mais objetiva, talvez, não seja o melhor dos caminhos. 
     O novo filme, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, permite múltiplas análises, mais jamais deixa claro suas intenções. A chave da leitura está, em última medida, na própria mente de cada telespectador. Em muitos casos, a falta de um desfecho apaziguador costuma gerar frustração. Já em "A árvore da vida", fica um sentimento de inquietude e fascínio por ver projetados na tela temas que geralmente são da alma, 
     No centro do enredo temos uma família de classe média dos EUA nos anos 50. Logo no início, sabemos de uma tragédia que se abate sobre eles. Um dos três filhos morre em combate no Vietnã. A dor, ou seja, o encontro com o irreparável será a ponte para conhecermos em profundidade a vida dessa família. Há contrapontos no tempo para esta divagação. Ora estamos com o filho mais velho (Sean Penn) já adulto, num centro empresarial sofisticadíssimo. Em outros momentos, embarcamos na infância dos três meninos e na relação deles com os pais - centro da discussão mais psicanalítica do filme.
     A mãe (Jessica Chastain) é símbolo de beleza, ternura e bondade. Diz, a certa altura: “A menos que você ame... Sua vida passará rapidamente”. O pai (Brad Pitt), no entanto, aplica sua rigidez militar para educar as crianças. Fala em determinação, em “vencer na vida”. A divergência de modelos irá explodir brutalmente nesse filho mais velho e agoniado, a ponto de desejar a morte do próprio pai. Daí surge a indagação de cunho filosófico-religioso de Malick: Devemos escolher viver a vida como graça ou como natureza? Qual é o melhor sentido para definir a jornada do homem na Terra? Inundados por imagens cósmicas que remotam à origem desde o Big Bang, confrontamo-nos com nossa pequenez. No esplendor da natureza, a memória da Criação é o que permite aproximar-mos de Deus. De perto, sentimos o eterno. O tom de oração que marca cada passagem dá significado para essa relação transcedente. Como entender a morte, quando a graça foi escolhida como maneira de viver?
     Foi a partir desse mesmo impasse e angústia que Jó, o servo maltratado, questionou o sentido nas ações de Deus. Não por acaso, Malick retoma uma passagem do instigante livro bíblico  para abrir “A árvore da vida”. Ao fisgar a dor dessa família, criam-se caminhos para entender o sentido da existência e, não distante, a necessidade da esperança.

“Eu fui ver, sinceramente digo o mesmo que o Emanuel acima, o filme te leva a ter novas sensações e imaginar um possível raciocínio lógico, mas logo nos primeiros minutos ele desmonta qualquer linha de pensamento que você tentar raciocinar. Eu diria que o filme é uma viagem para esvaziar a mente e sentir o belo do mistério”. (Kyka Freitas – Exxa Filmes)

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